bateram tambores nas matas das áfricas
bateram o mato os capitães de brasis
a pele do povo preto de lá
a pele do povo preto de cá
povo de raça povo de caça
savanas e matas de áfricas selvagens
povo guerreiro orgulho de reis
na pele as marcas do rito sagrado
batem tambores de troncos
na dança nas festas aos deuses
fogueiras acesas ao pé de baobás
na pele as marcas de espinhos das matas
na pele o orgulho de seres da noite
bateram tambores nas matas das áfricas
bateram o mato os capitães de brasis
a pele do povo preto de lá
a pele do povo preto de cá
a funda senzala ecoa o canto
lá fora a lua chora o sangue do banzo
o tronco não bate o ritmo da mata
no tronco a negra não dança o lundu
no corpo torcido açoita o açoite
o sangue que jorra precisa cobrir
cobrir de vergonha a marca de orgulho
fazer da pele o arauto do acato
já não batem tambores de ritos e deuses
já não dançam mulheres com filhos no colo
já não exibem guerreiros as marcas da caça
já não choram as crianças o medo do escuro
só a pele que brilha na noite da américa
nas sujas favelas de morros fedidos
sabe a sal e salmoura na dor da ferida
negros e negras de pele curtida
não têm mais lembranças dos tempos
dos tempos das áfricas de matas e rios
apenas na pele a marca do açoite
escravos que eram escravos que são
21.9.2019
(Ilustração: Samburu tribe of north-central Kenya)
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