chuto a bunda da morte
e contemplo o vazio
que ficou no seu lugar
sei que não sou eterno
sei que profanei a realidade
e agora que vejo apenas o vazio
da não existência da indesejada
busco em mim algo inexistente
algo que preciso construir
- um relógio perfeito em suas engrenagens
para que a vida flua de novo como rio
não sou entre tantos atos complexos
necessários para tal tarefa
o relojoeiro de um deus que não há
o emergir de forças do vazio
só terá sentido se chamar de volta
a inevitabilidade de aceitar o não ser
e a esperança de voltar a viver
o que implica até mesmo morrer
11.10.2020
(Ilustração: Salvador Dalí)
Nenhum comentário:
Postar um comentário