25 de dez. de 2020

para aldir blanc

 





quando um dia o teu bêbado

cruzou com o bailado oculto da minha vida

não sei se estava bêbado

sei que era eu a bailarina

na corda bamba

troçando e trocando passos

pelos fios invisíveis do destino

dancei contigo pelos bailes da vida

dois pra lá

dois pra cá

muitos para lado nenhum

desenhando letras nas lousas negras

sem nunca pensar que estavas lá

sem nunca pensar que eras parceiro

mas era tua a sombra que sempre espantava

o pássaro negro na tela branca

sou teu filho tanto como és

o bêbado oculto em cada canto da noite

sei hoje o que foste

sem nunca ter sabido quanto eras

choro-te agora na canção que não cantei

ou no verso que nunca escreverei 





24.5.2020

(Ilustração: Toni D'Agostinho)


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