quando um dia o teu bêbado
cruzou com o bailado oculto da minha vida
não sei se estava bêbado
sei que era eu a bailarina
na corda bamba
troçando e trocando passos
pelos fios invisíveis do destino
dancei contigo pelos bailes da vida
dois pra lá
dois pra cá
muitos para lado nenhum
desenhando letras nas lousas negras
sem nunca pensar que estavas lá
sem nunca pensar que eras parceiro
mas era tua a sombra que sempre espantava
o pássaro negro na tela branca
sou teu filho tanto como és
o bêbado oculto em cada canto da noite
sei hoje o que foste
sem nunca ter sabido quanto eras
choro-te agora na canção que não cantei
ou no verso que nunca escreverei
24.5.2020
(Ilustração: Toni D'Agostinho)
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