8 de jan. de 2021

preciosa dignidade

 






preciosa dignidade o que me leva a pedir-te

- como um cavaleiro medieval -

que comigo te cases numa tarde outonal

em meio a um bosque de faias

ao som de alaúdes e gritos de faunos

com as ninfas todas vestidas de saias

bem rodadas e bordadas de ouro

e tu – virginalmente tímida –

corada como uma menina -

trazida ao altar pelo teu pai – um mouro

de olhos frios e adaga assassina à cinta

e as cítaras e as harpas dedilhadas

a pontuar teus passos lentos

e eu vos espero com meus olhos sedentos

- desencantado príncipe sem jaça –

a ansiar por teus arpejos nos meus braços

depois do sim a fugirmos pela praça

e sob um dossel de luxo os meus desejos

ver saciados ao olhar para você

agora despida de uma calça jeans sem nenhuma graça 




12.8.2020 

(Ilustração: Julius Rolshoven - mujer desnuda en la luz suave)

Um comentário:

  1. Lindo poema, como muitos que faz! Parabéns! 👏👏👏👏👏👏

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