3 de jun. de 2015

Chapéu



(Daniel Sinsel)


Não tenho chapéus.
Tivesse-os, amoldaria
em formas e fôrmas
toda a minha poesia.


Livres devem ser os sonhos
em palavras transformados.
Não entressussurrantes sons
em chapéus enformados.


Por isso, não tenho chapéus.
Tivesse-os, não comportaria
em texturas redondas e abas
toda a minha louca poesia.


Soltos devem estar sempre os pensamentos,
mesmo quando meramente balbuciados.
Não como redondos e calmos lagos
entre fitas de chapéus enrodilhados.


Por isso eu digo que não tenho chapéus.
Tivesse-os, prender não conseguiria
em poemas inúteis de vento e luz
toda a minha louca e fugaz poesia.





quinta-feira, 7 de agosto de 2003



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