28 de set. de 2016

fogo-fátuo



(Isabel Guerra) 






dos cemitérios em noites negras

e cálidas

a luz azul do medo

são as almas dos mortos

ou as almas mortas

numa nova e reluzente

manifestação de vida



almas entretanto não há

invenções que são de metafísicos

inconformados

para enganar os crentes

com falsas promessas



há apenas ossos

matéria putrefata

restos de madeira podre





da terra nauseabunda

os homens de outrora

reluzem na noite negra e quente

lembranças mortas

sonhos mortos

vidas que um dia foram

amadas

respeitadas

odiadas

ou simplesmente

vividas





na dança da luz são agora

apenas o susto do incauto

dentro dos cemitérios

nas noites negras

negras como – ali – a própria

impossibilidade da vida



1.9.2016

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