(Honoré Daumier - Don Quixote)
nenhum dos meus heróis gargalha na sela de um cavalo branco
no meio de uma batalha
nenhum dos meus heróis pisoteia o peito do povo em desprezo ao seu poder
nenhum dos meus heróis compra com dólares falsos a liberdade de crianças
nem oferece ao futuro apenas o peso do passado
nenhum dos meus heróis constrói monumentos de destruição e fogo
no meio de flores e bichos
nenhum dos meus heróis determina o apocalipse
em telefones privativos de linhas vermelhas
nenhum dos meus heróis cultua a traição e acende velas
para deuses dissolutos
nem precisava de heróis
mas se os tenho como exemplo de algo mais que a miséria dos prepotentes
quero-os sempre em meu peito
como a esperança que fulge mesmo no meio dos piores momentos da vida
não os quero no entanto
como querem aos deuses
se deuses existissem
os povos ignaros de antanho e de hoje
quero-os homens de poucas palavras
somente as que bastam
para afastar os bandidos
os destruidores
os traidores
os pusilânimes
e todos aqueles que pisoteiam o peito do povo
porque nenhum dos meus heróis compactuou um momento sequer
com a bandalheira de ricos e poderosos do mundo
5.9.2016
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