(Escultura de LIU XUE - half human half dog)
ouçam o quanto ladram os cães
continuarão a uivar pelas noites afora
não angustiados – para a lua
mas contentes
o rabo a abanar
para o estrangeiro capital
que virá com douradas rações
em sacos
em negros sacos onde outrora
corpos jovens embalaram
daqueles que em terras distantes lutaram
pela estrangeira terra do capital
o ouro
o sangue
a vida
contida
revertida
enrustida
em cada dobre de sino
de seus navios de petróleo
e os cães que uivam e ganem
sabujam e babam contentes
rabos eretos a abanar
seus donos e senhores a saudar
não têm dentes esses velhos cães
perdidos todos – os dentes – a morder e a trair
são cães velhos agora remoçados
à ração do estrangeiro capital
felizes afinal
porque
bem bebidos
bem comidos
bem fornidos
bem servidos
quando um dia morrerem
– se morrerem –
vão ter todos
covas caras
nos jardins do palácio de cristal
lá bem no alto
bem no alto do planalto central
27.8.2016
Nenhum comentário:
Postar um comentário