sempre esperei o teu silêncio
sempre desejei o teu silêncio
e agora que ele se empedrou
como um meteoro candente em meu peito
assomo à janela e ao vento eu grito
que prefiro a morte ao teu silêncio
encanta-me ainda o som obscuro
de teus anseios mal formulados
os gritos abafados de teus desejos
que nunca chegaram aos meus ouvidos
e eu pensava que os ouvia a todos
que eles arrebentavam meus tímpanos
quando eram apenas suspiros inúteis
murmurados ao vento das madrugadas frias
e agora que tu te calaste para sempre
o teu silêncio grita impropérios dentro de mim
como se fosse eu o teu último algoz
1.10.2019
(Ilustração: escultura de Javier Marín)
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