29 de dez. de 2019

pouca poesia



tantos poetas e tão pouca poesia já disse alguém

é que as musas que de devaneios sobrevivem por aí

não só de lírios dos jardins de edens paradisíacos se alimentam

mas também da folha grossa e verde de couve do rude agricultor

e mais te digo ó rubicundo crítico que as musas nuas e belas

tanto voejam pelos bosques quanto caminham pelos becos

e não se pejam de se entregarem sob dosséis de ouro ou sob

o sol escaldante sobre a lona simples no chão que cobre as

barracas de feira de peixe pelo mundo afora já que as musas

apreciam carnes de cores várias sem qualquer pejo

desde que se lhes despertem o desejo não lhes importa

se com simples beijo ou com moedas de outro lhes paguem

dirás que são putas as musas e te direi que sempre o foram

e nunca deixarão de ser já que às putas e às crianças

está reservado o direito do belo da pureza e da esperança





26.10.2019 

(Ilustração: Henrique Alvim Correa)




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