tantos poetas e tão pouca poesia já disse alguém
é que as musas que de devaneios sobrevivem por aí
não só de lírios dos jardins de edens paradisíacos se alimentam
mas também da folha grossa e verde de couve do rude agricultor
e mais te digo ó rubicundo crítico que as musas nuas e belas
tanto voejam pelos bosques quanto caminham pelos becos
e não se pejam de se entregarem sob dosséis de ouro ou sob
o sol escaldante sobre a lona simples no chão que cobre as
barracas de feira de peixe pelo mundo afora já que as musas
apreciam carnes de cores várias sem qualquer pejo
desde que se lhes despertem o desejo não lhes importa
se com simples beijo ou com moedas de outro lhes paguem
dirás que são putas as musas e te direi que sempre o foram
e nunca deixarão de ser já que às putas e às crianças
está reservado o direito do belo da pureza e da esperança
26.10.2019
(Ilustração: Henrique Alvim Correa)
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