27 de set. de 2010

POEMAS ESPARSOS - 12


(Guennadi Ulibin)


Velho dragão



Vou-me consumindo em chamas
sopradas por um velho dragão
e enquanto sofro me renovo
a nascer e renascer a cada instante.
Não bastam, no entanto, as chamas
a devorar em lenta agonia o peito em dor:
mais que a voraz consumição,
mata-me aos poucos o sonho inútil
de ver em ti transformada a fera rude.
Embora saiba que és tu a alma
do monstro que habita as cavernas de meu ser,
pressinto-te amando-me mais
quanto mais me consome a vida a chama desse amor.
És o deus vingador em línguas de fogo tornado,
para trazer a mim o sentido profundo
de ter-te em chamas a queimar meu peito,
de viver em morte cada segundo em que asseguro amar-te mais que à própria dor.




18.8.92

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