11 de set. de 2010

POEMAS ESPARSOS - 8


(Guennadi Ulibin)


Refúgio



Se fico bêbado pelas esquinas

e os cães me lambem a boca,

do nojo ao certo em ti me encontro;

se me ralo nas pedras das ruas,

se me atropelam os ônibus da vida,

se sofro, se choro, se me desespero,

em teus braços o refúgio derradeiro

encontro para novos embates;

se me desprezam ou me cospem,

se partem meu coração em átomos de dor,

se me tornam vil e mesquinho,

em teu corpo, em teus olhos me purifico

desejando um dia merecer todo esse carinho;

e tu me vês sempre a sofrer,

fazendo-te sofer ainda mais:

sou aquele que sempre volta,

como um cão vadio à procura de dono,

à casa em que me esperas limpa e doce

para purgar os crimes de que não fujo,

para tornar-te uma vez mais

a parceira de negros tormentos

de minha alma louca e sem sossego.


15.4.93

Nenhum comentário:

Postar um comentário