29 de set. de 2010

POEMAS ESPARSOS - 13


(Guennadi Ulibin)



Vento

Vem um vento frio,
frio como a morte:
sopra fraco do passado
a trazer ao peito meu
uma fria e fina angústia...

Vem o vento e aumentam mais um pouco
as dores, dilemas e fatos
que não deviam mais voltar
e meu peito se estufa de mais angústia...

E o vento sopra como um tufão,
a vergar meu coração-palmeira-encrespada,
a trazer uma grande dor que parece infinita...

Da procela no olho vesgo,
abro um pouco meus próprios olhos
e vejo ao longe outras palmeiras
já quebradas e arrastadas ao vento forte...

Só me sinto em meio ao tufão,
já meu coração prestes a parar,
mas na última rajada, definitiva,
encontro em minhas raízes a força maior.

Machucado, arranhado, alquebrado,ergue-se aos poucos meu coração-palmeira,
ao ver um raio fino e frágil de luz
que, em meio à treva, me vem dos olhos seus.



21.8.92

Nenhum comentário:

Postar um comentário