(Campofiorito - Quirino)
noite sem lua
navega no breu
a imaginação do poeta
pelas estrelas do céu
solidão sua amiga dileta
vento companheiro
de vigília e procura
caminha à toa pela rua
como se fosse destino
perder pela noite o tino
ralar nas pedras a amargura
não sofre no entanto
apenas entoa o canto
de todo lobo solitário
vigia a sombra do rato
assusta um retardatário
dança pelas calçadas
até furar o sapato
no rosto o riso das palhaçadas
do velho circo do interior
passa o poeta pelo túnel do vento
rodopia redemoinho e flor
mastiga o doce do tempo
e vira de novo um menino
perdido totalmente o tino
na noite sem lua
vagando pela rua
no meio do breu
em busca de um caminho
em busca de um carinho
que nunca recebeu
13.7.2016
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