8 de ago. de 2016

noturno número 6

(Campofiorito - Quirino) 





noite sem lua

navega no breu

a imaginação do poeta

pelas estrelas do céu

solidão sua amiga dileta

vento companheiro

de vigília e procura



caminha à toa pela rua

como se fosse destino

perder pela noite o tino

ralar nas pedras a amargura



não sofre no entanto

apenas entoa o canto

de todo lobo solitário

vigia a sombra do rato

assusta um retardatário

dança pelas calçadas

até furar o sapato



no rosto o riso das palhaçadas

do velho circo do interior

passa o poeta pelo túnel do vento

rodopia redemoinho e flor

mastiga o doce do tempo

e vira de novo um menino

perdido totalmente o tino



na noite sem lua

vagando pela rua

no meio do breu

em busca de um caminho

em busca de um carinho

que nunca recebeu


13.7.2016








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