cante-se um tango que o amor busque
na tragédia do dia o sangue seco
na lâmina de um punhal a lágrima
escondida no seio da moça enviuvada
no espanto das aves nos fios elétricos
às madrugadas se acotovele aos cães
vadios de becos escuros e sujos bordéis
seja o tiritar de frio do mendigo a chorar
à chuva das manhãs de primavera
que o encanto da vida dos amantes
se desfaça em leitos de lençóis de linho
na arruaça do destino a bater de porta
em porta nas madrugadas do sem fim
quando enfim se estenda pelas alamedas
o sangue derramado em seu nome em cântaros
de todos os tangos tristes da comédia humana
23.7.2018
(Ilustração: Roberto Ferri, il bacio)
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