bem no meio do mistério da vida está a morte
e bem no meio da morte está o lamento triste
de um pássaro no meio da floresta da vida
o seu canto a marcar o compasso do vento
entesoura o doce desencanto de viver
enquanto em meio ao vento a vida lenta
passa como o voejar da abelha na flor
o mel do destino a morte e o desalento
são as esporas a instigar o cavalo alado
a vida em galope no céu de incredulidades
em meio às tempestades que o som do vento
alucina o ser que busca o eterno e encontra
a finitude de seus desejos no estranho arpejo
de violinos e cantos que soam ao longe
traçando horizontes que não se incendeiam
quando ao por do sol a chuva chega mansa
e a morte ronda cada rastejante ser da mata
em meio ao caos o agudo trino do pássaro
marca a desesperança dos agoniados
ouve-se apenas o gotejar do mel na flor
a vida é esse mel que escorre para longe
para nunca mais o dia de novo surgir do caos
para nunca mais os olhos se abrirem ao sol
25.10.2018
(Ilustração: Edvard Munch -starry night-1893)
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