3 de nov. de 2018

um violino




um violino o ar da tarde afina com o frio e a chuva

a tentação de escrever num verso um concerto de debussy

o aperto no cérebro e o peito arde e o vento sopra

a folha morta dentro do peito o coração não sossega

não espanta o frio o verso vagabundo que vai

pouco a pouco num poema triste como a vida

virando e se virando na palidez de sensações

sentidas na tarde fria o frio o sonho o vento

há poucos momentos de vida calma na vida

que vai se esvaindo aos poucos ao frio da tarde

o que faz essa canção um concerto de violino

ao entardecer o vento o frio a nostalgia de onde

de onde não sei talvez de mim mesmo um dia

em que era eu apenas o olhar que olhava a vida

e a vida agora é que me olha ao vento tão só

tão só o espanto de ainda viver e o vento voa

com o som do violino apenas um breve concerto

só a vida não tem jeito de ter algum conserto







18.10.2018

(Ilustração: Gustave Caillebotte)



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