27 de nov. de 2018

forças ocultas





creio nas forças ocultas

explicadas pela ciência



as nuvens que passam

que passam que passam



vou morar num porto invisível

almas penadas flutuam nas árvores



creio nas forças ocultas

quando a ciência não as explica



o rosto de um deus acadêmico

veste a pele cinzenta do albatroz



vou viver para sempre num porto

só visível aos olhos dos impressionistas



não há compromisso entre o vento e a luz

resplende a lua num céu de outubro



ah sim o outubro quando resplende a lua é vermelho



nada me faz lembrar manhãs eternas

o verão escapa em branca espuma



não creio em forças ocultas

dentro da ciência há apenas o átomo



há impressões que não se explicam

e há expressões raivosas no olho cortado



no canto de páginas em branco soam

melodias de debussy ao piano de satie



um galo arrepia a madrugada ausente

a lua de outubro continua vermelha



não descrevo o que vejo e sim

descrevo o que lembro e nem

sempre o que lembro é verdade

e entre a verdade e o que lembro

gosto sempre mais do que lembro



já não creio em forças ocultas

o futuro está em si mesmo

e também no passado




11.11.2018


(Ilustrção: Max Klinger) 





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