escrevo para buscar uma identidade que me parece fluida
sou eu – quem?
o que busco não encontro
ou o que encontro é o que não busco?
sabe-se a fel a vida que se leva
em vozes que ecoam no vazio
basta o sonhado para o sonâmbulo
ou tudo quanto ali está nunca esteve?
flui o vento pelos ouvidos à música da manhã
e não há esferas de luzes pendentes de árvores secas
no espanto de viver não está a vida
está dentro de mim o espinho que me fere
o desencontro de mim para comigo
desata apenas um nó
não desata o desespero do olhar
de quem sobe a montanha e não vê o horizonte
28.3.2020
(Ilustração: Eric Lacombe - dark abstract portrait)
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