14 de abr. de 2020

liberdade liberdade




joguem no lixo todas as metafísicas

leiam-se como contos de horror e morte

todos os livros ditos sagrados

que todos os deuses se empedrem para sempre

em mármores frios nos museus da estupidez humana

não mais interfiram em nossas vidas

as palavras insanas daqueles que se dizem a voz de algum deus

que todos os templos se tornem palácios de alegria

onde se cantem e dancem a vida – não a morte

e os ventos da paz soprem para longe

todas as maldições de fogos infernais

não mais anjos

não mais demônios

não mais santos e milagres

não mais profetas e suas tolas profecias

não mais pregadores de angústias eternas

a troco de uma bolsa cheia e de uma vida fácil

que esses hipócritas sejam banidos

para uma nuvem de chuva no meio do oceano

instaure-se enfim a liberdade da mente humana

para buscar na realidade das coisas que esse mundo tem

tudo aquilo que lhe cause apenas o bem

banidas as crenças loucas que um tempo de esperança

surja das trevas como o verdadeiro renascimento

não mais lamentos por deuses mortos

nem chorosos cânticos em cerimônias intermináveis

esteja desde já decretada apenas a simples alegria de viver

de viver livre de peias e correntes mentais

e o ser humano grite para as estrelas e para as galáxias

escravo de deus ou de deuses - nunca mais



3.12.2019

(Ilustração: Francisco de Goya)



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