joguem no lixo todas as metafísicas
leiam-se como contos de horror e morte
todos os livros ditos sagrados
que todos os deuses se empedrem para sempre
em mármores frios nos museus da estupidez humana
não mais interfiram em nossas vidas
as palavras insanas daqueles que se dizem a voz de algum deus
que todos os templos se tornem palácios de alegria
onde se cantem e dancem a vida – não a morte
e os ventos da paz soprem para longe
todas as maldições de fogos infernais
não mais anjos
não mais demônios
não mais santos e milagres
não mais profetas e suas tolas profecias
não mais pregadores de angústias eternas
a troco de uma bolsa cheia e de uma vida fácil
que esses hipócritas sejam banidos
para uma nuvem de chuva no meio do oceano
instaure-se enfim a liberdade da mente humana
para buscar na realidade das coisas que esse mundo tem
tudo aquilo que lhe cause apenas o bem
banidas as crenças loucas que um tempo de esperança
surja das trevas como o verdadeiro renascimento
não mais lamentos por deuses mortos
nem chorosos cânticos em cerimônias intermináveis
esteja desde já decretada apenas a simples alegria de viver
de viver livre de peias e correntes mentais
e o ser humano grite para as estrelas e para as galáxias
escravo de deus ou de deuses - nunca mais
3.12.2019
(Ilustração: Francisco de Goya)
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