lá fora arde aos poucos a manhã sonolenta
ao sol do outono ainda em tentativa
olha-se o céu azul do ar mais limpo
à janela aberta ao vento leve
sol e frio
frio é o sentimento de imobilidade
quer-se ir ao vento
quer-se ir ao passo das ruas
sufoca-se na garganta o grito
libera-se com esforço o ar dos pulmões
quer-se ir à asa do canto do bem-te-vi
tudo é silêncio e o silêncio é morte
sente-se o espaço pesado de vontades
e a liberdade sonha no peito opresso
reza-se a ladainha da necessidade possível
ao ver ao vento a folha leviana
que flutua sem medo do inimigo invisível
25.3.2020
(Ilustração: escultura de Anish Kapoor
- Turning the world upside down - Israel Museum)
Nenhum comentário:
Postar um comentário