12 de abr. de 2020

insulae




lá fora arde aos poucos a manhã sonolenta

ao sol do outono ainda em tentativa

olha-se o céu azul do ar mais limpo

à janela aberta ao vento leve

sol e frio

frio é o sentimento de imobilidade

quer-se ir ao vento

quer-se ir ao passo das ruas

sufoca-se na garganta o grito

libera-se com esforço o ar dos pulmões

quer-se ir à asa do canto do bem-te-vi

tudo é silêncio e o silêncio é morte

sente-se o espaço pesado de vontades

e a liberdade sonha no peito opresso

reza-se a ladainha da necessidade possível

ao ver ao vento a folha leviana

que flutua sem medo do inimigo invisível



25.3.2020

(Ilustração: escultura de Anish Kapoor 
- Turning the world upside down  - Israel Museum)

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