a redondez leitosa aos poucos se desfaz
a cada noite
a cada tempo de vento e frio
até que reste apenas um risco no céu
e depois o nada
a treva que faz explodir aos olhos
o brilho das estrelas
o nome escrito na areia para sempre
até que a onda em minutos venha apagar
lembro o poeta parnasiano
“e eu morrendo
e eu morrendo
a delícia da vida
a delícia da vida”
assim o vento frio no tempo certo
faca afiada na noite ao grito final
estamos sós
e a lua minguante
minguada a vida
apenas distantes e frias as estrelas nos olhos
apenas o suspiro
e a delícia de ter vivido
a delícia de ter vivido
20.3.2020
(Ilustração: Catherine Chauloux)
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