16 de abr. de 2020

lua minguante







a redondez leitosa aos poucos se desfaz

a cada noite

a cada tempo de vento e frio

até que reste apenas um risco no céu

e depois o nada

a treva que faz explodir aos olhos

o brilho das estrelas

o nome escrito na areia para sempre

até que a onda em minutos venha apagar

lembro o poeta parnasiano

“e eu morrendo

e eu morrendo

a delícia da vida

a delícia da vida”

assim o vento frio no tempo certo

faca afiada na noite ao grito final

estamos sós

e a lua minguante

minguada a vida

apenas distantes e frias as estrelas nos olhos

apenas o suspiro

e a delícia de ter vivido

a delícia de ter vivido



20.3.2020


(Ilustração: Catherine Chauloux)

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