(Cleusa Caldas)
para enganar a mim mesmo
que escrevo versos sem rima e sem tino
livres de tudo e de todos
sem pensar em cesuras e outros artifícios
muito menos em alexandrinos
tentei escrever um poema bem careta
com tudo o que teria direito
um poeta parnasiano
aha
pensei
vou estraçalhar o estro poético
vou me borrar todo de felicidade
e ficar muito muito muito cheio de mim
então dei tratos à velha veia poética
e chamei de volta o menino de 14 anos
peguei uma folha pautada e dividi 14 linhas
em 12 traços verticais
para colocar cada sílaba poética
em seu quadradinho
marcando cesuras e sílabas tônicas
e saiu esta maravilha que me deixou tranquilo
transporta o dedo a dor o louco tique-taque
de escrever um soneto igualzinho ao Bilac
(ainda posso sonhar com o parnaso
pois sei contar sílabas poéticas de versos alexandrinos)
o resto do poema
ah o resto do poema
o resto
do poema
do
poema
o resto
bah
arrghh
7.12.2016
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