16 de dez. de 2016

parnaso



(Cleusa Caldas)







para enganar a mim mesmo

que escrevo versos sem rima e sem tino

livres de tudo e de todos

sem pensar em cesuras e outros artifícios

muito menos em alexandrinos

tentei escrever um poema bem careta

com tudo o que teria direito

um poeta parnasiano



aha

pensei

vou estraçalhar o estro poético

vou me borrar todo de felicidade

e ficar muito muito muito cheio de mim



então dei tratos à velha veia poética

e chamei de volta o menino de 14 anos

peguei uma folha pautada e dividi 14 linhas

em 12 traços verticais

para colocar cada sílaba poética

em seu quadradinho

marcando cesuras e sílabas tônicas

e saiu esta maravilha que me deixou tranquilo



transporta o dedo a dor o louco tique-taque

de escrever um soneto igualzinho ao Bilac



(ainda posso sonhar com o parnaso

pois sei contar sílabas poéticas de versos alexandrinos)



o resto do poema

ah o resto do poema

o resto

do poema

do

poema

o resto

bah

arrghh




7.12.2016

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