na noite sem nuvens passeia a lua
sobre nossos sonhos sem saber que somos
a sombra sem sono que vagueia sem rumo
pelas planuras do planeta solitário em busca
de algo mais que a vida que não vivemos
o brilho dos rios à luz do luar e o lago opaco
transformam raios aos olhos tortos toda a face
de nosso desencanto de seres rastejantes
dentro de um universo que não compreendemos
que passeie a lua sobre o tempo dos homens
que passem as estações e sobre elas todas as vidas
as estrelas do universo já se apagaram há muito
e só resta na noite o brilho da lua que passeia
os loucos fingem sua loucura e os poetas sonham
ao brilho opaco do diamante bruto que sai da montanha
e a lua sem pejo anoitece os pensamentos humanos
como pássaros de fogo no seu derradeiro voo
passeia lua passeia e desilude o passo trêfego
que não deixa marcas na pedra rude
contém teu brilho no brilho de cada olho podre
que teu caminho não tem marcas nem escolhas
25.4.2018
(Ilustração: Robert Fisher Moon Dance Coober Pedy)