não sou um poeta marginal
sou apenas uma das margens de mim mesmo
escrevo versos que parecem versos que parecem prosa
que parece de novo um verso torto
entorto o estro e a vida
que me leva para o delírio da rotina
o rio passa em águas barrentas
o lago ao luar retém minhas tormentas
que não são assim tão estrondosas
ferem apenas a superfície de meu ser
a margem que me resta
esboroa em torrões e lodo bruto
e isso é o meu verso em prosa
ou minha prosa de mineiro esquecido
a caminhar sobre as águas turvas
como se profeta fora de um mundo
que o ignora como eu mesmo o olho à distância
com meus olhos corroídos por dentro
na escavação que turva a cada dia um pouco mais a paisagem
18.5.2018
(Foto de Fátima Alves; Lavras/MG)
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