19 de mai. de 2018

poeta marginal










não sou um poeta marginal

sou apenas uma das margens de mim mesmo

escrevo versos que parecem versos que parecem prosa

que parece de novo um verso torto

entorto o estro e a vida

que me leva para o delírio da rotina

o rio passa em águas barrentas

o lago ao luar retém minhas tormentas

que não são assim tão estrondosas

ferem apenas a superfície de meu ser

a margem que me resta

esboroa em torrões e lodo bruto

e isso é o meu verso em prosa

ou minha prosa de mineiro esquecido

a caminhar sobre as águas turvas

como se profeta fora de um mundo

que o ignora como eu mesmo o olho à distância

com meus olhos corroídos por dentro

na escavação que turva a cada dia um pouco mais a paisagem 





18.5.2018


(Foto de Fátima Alves; Lavras/MG)



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