Se mato em mim
meu amor por ti,
mato-me a mim
fazendo-te sofrer.
Não quero, assim,
deixar de amar-te
embora não mais consiga
dizer que te amo.
Pois tudo que eu diga
far-te-á mais triste
e mais triste ficarei.
Tudo quanto existe,
tudo quanto eu sei
comigo convive em dor
por ter por tanto tempo
guardado esse amor
que foge agora ao vento.
Soubesses tudo o que sinto
- como sempre sabes -
verias o quanto eu minto
a esconder meu sentimento.
E sofre em mim
para poupar-te a dor
vivendo sempre assim
em duplo fervor
de amar sem querer
de querer não amar
ou de amar e sofre
e de sofrer sem amar.
27.11.92
(Ilustração: Picasso)
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