Ambíguo amor o que por mim tu sentes
Ambíguo amor o que por mim tu sentes:
foges ao vir e vens enquanto foges,
lutas contra mim e à dor da entrega
preferes da inútil batalha o calor intenso.
Com dúbios olhos e oblíquos gestos,
levas-me contigo do prazer ao inferno
e ao gozo extremo de paraísos perdidos.
Contas-me, alegre, teus saudosos momentos
para aprofundá-los em magia e dor.
Segues-me célere e chegas-me aos poucos,
abrasando em beijos o gelo partido.
Teus adeuses esperanças geram,
tuas entregas adeuses prenunciam.
És sombra em luz à luz das trevas,
és da esperança o suspiro derradeiro.
Sopras-me a vida num halo de morte,
e, como morte, em vida me convertes.
Queres-me louca e esqueces-me fácil,
fazes de mim teu escravo coroado.
Por isso existo apenas para remoer
na dor extrema o alento redivivo.
Vejo-te, assim, de todas quantas amei,
da minha difusa imagem a própria ubiquidade.
foges ao vir e vens enquanto foges,
lutas contra mim e à dor da entrega
preferes da inútil batalha o calor intenso.
Com dúbios olhos e oblíquos gestos,
levas-me contigo do prazer ao inferno
e ao gozo extremo de paraísos perdidos.
Contas-me, alegre, teus saudosos momentos
para aprofundá-los em magia e dor.
Segues-me célere e chegas-me aos poucos,
abrasando em beijos o gelo partido.
Teus adeuses esperanças geram,
tuas entregas adeuses prenunciam.
És sombra em luz à luz das trevas,
és da esperança o suspiro derradeiro.
Sopras-me a vida num halo de morte,
e, como morte, em vida me convertes.
Queres-me louca e esqueces-me fácil,
fazes de mim teu escravo coroado.
Por isso existo apenas para remoer
na dor extrema o alento redivivo.
Vejo-te, assim, de todas quantas amei,
da minha difusa imagem a própria ubiquidade.
25.6.92
(Ilustração: Picasso)
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