Viajo no tempo e no espaço
Viajo no tempo e no espaço
e fico sempre num mesmo lugar:
sinto o espanto do mundo apertar,
entre seis paredes de angústia,
meu coração quase a explodir;
num canto de fresta entre duas portas,
vislumbro em luz a luz dos teus olhos;
em raios estelares mergulho
a pressentir espantos de mundos estranhos:
tão longe de ti em ti me transformo
para encontrar-te, afinal, dentro de mim;
entrego-te em fogo a paixão total
que no peito em brasa não consigo abafar;
amo-te a cada batida do meu pulso
retinindo em tambores na aorta partida:
na saudade, o terror de te perder;
no ter de ti vaga esperança,
temo poder ganhar a luz que não posso ter;
então te espero sem querer que venhas
e, se vens, aumenta em chamas a dor que sinto.
25.6.92
(Ilustração: Picasso)
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