17 de out. de 2010

POEMAS ESPARSOS - 21


(Guennadi Ulibin)


Depressão


Outono em plena primavera.Inverno em pleno verão.Tristeza em meio à diversão.
Estranhos dias de estranha espera.Nada vem, nada muda,
tudo é noite e a noite é preta.
Assim passam os momentos
tornados séculos em cada dor.
E a dor é funda, e a dor não cala,
e o peito parece brasa
a arder em fogo cada vez mais lento,
cada vez mais forte.
A vida é inútil em seus detalhes,
pois o ser navega nas esferas que giram além do próprio mundo.
Solidão total, solidão fria, fria,
envolve a cada pulsar
o velho coração cansado.
Misturam-se revolta e dor
e a dor cada vez mais funda.
Abismos, abismos em fossas
cada vez, cada vez mais negras.
Não há sentido, não há caminhos,
tudo em círculos a girar continua e sempre e sempre e sempre
a puxar ao centro, ao nada, à dor.
Assim passam os momentos
em milênios transformados
em cada grito, em cada dor.
Vez por outra nasce a luz
mas é vela em cera já queimada.
Não há caminhos, nem estrelas
que guiem o navegante ao fundo do nada.
A jornada é solitária, solitária e triste,
no túnel negro da antiga e boa depressão.




14.12.94

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