Ah, o guru! Tem nome que rompe
com rimas de penas de urubu,
mas, na verdade o que se pensa
é em outra rima com mesma letra u.
O guru! Tem alguma coisa no ar
quando se fala em guru: tem carniça,
tem preguiça de pensar bem,
de lembrar quem, quem? quem é que gosta
de um cara de bosta
chamado guru?
Tem guru de turbante, de voz rascante,
de iogas e de salamalaques, de cara de fuinha,
de vestes longas e sunguinha
de tricô: mas são todos o que são,
o mesmo cocô, a mesma merda
que a gente herda quando se fala de urubu
ou de carniça ou de traição.
Boboca não é o guru
que tem o olho na tua grana
e palavras inúteis para a tua vida:
boboca és tu, que precisas de guru,
idiotas são todos os que seguem
de olhos fechados com todos os cadeados
as cretinices,
as idiotices,
as crendices
que levam as mãos maneiras,
as mãos faceiras,
as mãos mais do que leves do guru,
sim, do inefável e pobre guru,
a comer tua bunda e teu cérebro
enquanto cata do teu bolso
com jeito sonso e cara de urubu
com toda a tua grana toda a tua dignidade.
Ah! com quantos gurus se faz um idiota?
E fico por aqui, com o meu poema.
Não tenho mais paciência para nem mesmo escrever
a palavra guru.
E tu?
O que pretendes tu?
Sim, o que pretendes?
Ficarás aí, como um tatu,
enfiado e encralacado
no teu buraco,
esperando a dedada,
a dedada salvadora?
Ou irás, enfim, sacudir de ti
as penas de urubu
e sucumbir, enfim, à rima,
à rima que eu penso quando penso em guru,
e mandar o teu guru, sim, teu guru,
e todos os demais e nunca será demais,
com todas as letras, com todo o teu ódio,
e mandar tomar no cu o guru?
(E que bem entendido esteja:
seja sempre e tão somente bem no olho,
bem no olho do cu
de todo e qualquer guru!)