Devia-se poder todos os dias matar um rei.
Não importa que rei seja – de copas, de ouro, de espadas ou de nada –
Basta que seja um rei e seja morto.
Que o seu sangue cubra o céu, que seu sangue suje o mar,
Não importa: devia-se poder sempre matar um rei.
Quanto vale um rei? Quanto vale um mendigo?
O rei ao mendigo faz, mas um mendigo nunca fará um rei.
Devia-se, sim, devia-se poder matar a cada dia um rei.
Coroas regem destinos, mas o destino não se compactua
Com salamaleques de penacho e reinados de capacho.
Como seria melhor a vida, se se pudesse pelo menos um dia sim e outro também
Matar um rei.
Um rei que reina é cocô de cachorro na calçada: pisamos e sujamos e xingamos.
Mas não esquecemos nunca.
E assim como não se esquece da merda na calçada,
Não esqueçamos nunca de poder matar todos os dias um rei.
Uni-vos, todos, ó regicidas! E clamai para todos os povos:
É preciso, sim, matar todos os dias um rei,
Porque, quando se mata um rei, a vida volta a reinar!
terça-feira, 19 de junho de 2001
13 de jan. de 2009
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