4 de jan. de 2009

para deus


(A. não identificado)


Reinaste no coração dos homens por muitos séculos.

Agora basta.

Não te querem mais a exigir altares.

Não te querem mais a exigir mantras.

Não te querem mais a exigir promessas.

Que te aquietes, enfim, no fundo dos neurônios

do homem liberto, que nasce agora.

Em teu nome já não poderá matar,

em teu nome já não poderá odiar.

Em teu nome já não poderá viver o homem que nasce agora.

Tenho, tenho, sim, muita pena de ti:

das tuas artimanhas, dos teus desvarios, dos teus loucos sonhos.

Perdeste, enfim. Recolhe-te a ti mesmo lá dentro dos neurônios

do homem que nasce agora.

Não deixará, contudo, o homem de fazer o que sempre fez,

mas não mais em teu nome, não mais por tua palavra.

Penso, então: se foi o homem quem se libertou

ou foste tu, afinal, que te livraste da sina

de ter teu nome sempre ligado

a todas as loucuras do ser que te criou?

quinta-feira, 13 de março de 2003

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