Na estaca em que se empala um príncipe
devia-se poder escrever
que por todos os séculos os sinos bimbalhem
que por todos os tempos
os pianos dobrem canções de amor
canções de eternos amores
à impossibilidade de que aquele príncipe
ali empalado em carne e osso
fique para sempre ali empalado
e não espalhe mais o seu nauseabundo cheiro
pelo mundo de flores que se descortina, afinal.
Que se empalem, pois, todos os príncipes.
Que se glorifiquem sempre, afinal, todos
os príncipes empalados e empalhados
como eternas múmias e eternos espelhos
de tempos que não virão jamais
sob a batuta enferrujada de velhos reis
que não se cumprirão.
E assim seja!
quinta-feira, 8 de janeiro de 2009
8 de jan. de 2009
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