Há deuses mortos no panteão da história.
Há deuses podres nos portões da glória.
Há deuses inúteis nos altares da memória.
E há profetas presos à solidão das palavras.
O profeta não vê o futuro: vê a si mesmo vendo o futuro.
Como um deus morto, tenta recriar a vida.
Como um deus podre, tenta afastar as moscas.
Como um deus inútil, afaga o tédio com olhar aflito.
Não se deve olhar o profeta com consternação.
Não se deve ver o profeta com gritos de horror.
Não se deve enxergar no profeta o louco que ele imagina ser.
Um profeta é o enxergão podre do lixo do futuro
E nada mais.
Assim, nem é preciso que se crucifique um profeta:
Basta que se lhe dêem as próprias palavras
Com que ele um dia sujou o panteão da história.
quarta-feira, 7 de maio de 2003
Nenhum comentário:
Postar um comentário