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escrevamos todos poemas de amor
Poetas, meus amigos e amigas,
escrevam, sim, versos de amor,
mesmo que sejam bobinhos,
mesmo que não tenham nenhum valor;
descrevam as brigas,
os amores perdidos, os espinhos
desse sentimento meio besta, que é amar;
não tenham vergonha do beijo
que nunca nos seus lábios vai pousar,
nem do intenso desejo
de estar ao lado da pessoa amada;
sim, meus amigos e amigas poetas,
pontuem da vida a estrada
com versos de paixões secretas,
com versos de amores loucos,
com versos que rompam o desafio
da rima pobre e do pé quebrado,
e tenham sempre ouvidos moucos
para os críticos de plantão;
sim, meus amigos e amigas poetas:
fibra por fibra bata o coração
no elogio da pessoa amada,
na saudade mais desesperada,
na paixão mais desenfreada...
porque, meus amigos e amigas,
prefiro esses versos derramados,
que muitos acham cheios de tolices,
a sermos todos obrigados
a ler diariamente idiotices,
xingamentos, ódios, preconceitos
que destilam por aí, como pragas,
em textos cheios de trejeitos
esses todos maus sujeitos
em convulsões desbragadas,
de maus bofes e maus jeitos,
a dizer mal do mundo e da vida,
como se fossem avatares
da guerra mais fratricida,
a queimar em seus altares
a ilusão mais sentida
se são tolos todos os poemas de amor,
sejamos todos, meus amigos e amigas, também
uns tolos a rimar bestamente amor e dor,
sem ligar para os outros, sem ligar para ninguém,
e escrevamos com sinceridade,
a alma compungida de saudade,
a boca molhada em doces pomos,
escrevamos, sim, esses nossos tolos,
muito tolos, poemas de amor,
que loucos somos todos e se não o somos
que se foda o mundo com seu rancor.
13.3.2013/25.5.3013
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