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memória
do fundo da memória
ouço o cheiro de café pingando do coador
de pano
e minha pele arrepia
a manga-rosa esmaece o verde
e a mangueira enlouquece
os sabiás e bem-te-vis
há o apito do trem ao longe
na lenta curva antes do barranco
e a tarde travessa atravessa o quintal
em busca do feijão a cozinhar
no fogão aquecido pela queima da serragem
ao perfume do cedro e do carvalho
o banho é inevitável
a sopa também
é a hora de acender a lamparina
vestir o pijama e depois dormir
ao som do grilo e dos fantasmas
da noite
- minha mãe puxa o terço
26.12.2014
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