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amar-te é trama
Andrzej Malinowski
tece destinos o poema
brincando às vezes com o tema
não tem compromisso o poema
apenas acontece no espaço da memória
entre o desejo e a razão
e tecendo embora a história
faz de mim seu artesão
e empresta rimas pobres
a ideias um dia tão nobres
o grão de ouro no fundo das bateias
torna miserável o garimpeiro
se da própria vida a trama
da razão e da compreensão
não vira drama
sei o que tu pensas
amor do passado em águas do presente
importa-me pouco porém que a densa
esperança que turva
a lenta curva do rio da memória
invente para nós uma nova trajetória
já foi inútil que a túnica tecida
com as pepitas rugosas ou expeditas
trouxesse de novo à vida
a um amor que trança e retrança urdiduras
capazes de fazer do simples ato
de colar um colar de beijos em teu rosto
construa infernos de desejos e posses
muito mais do que o fato
de que a rede entretecida ao luar de agosto
quando mais te procuravam os meus anseios
seja agora jogada à lama
e penses que por atos e enleios
amar-te é trama
escondida nas idas e vindas
do palindrômico verso
a brincar de novo com o velho tema
de que nossos beijos e desejos
são coisas inúteis
lindas e findas nas tramas e ensejos
de destinos inconsúteis
7.1.2015
Você pode ouvir esse poema, na voz do autor, neste link de podcast:
Uma pepita tal poema, rolam as pedras e essa brilha.
ResponderExcluirAbração,
Nabil