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caminho
(Cezanne - louveciennes)
há um caminho atrás de meus passos
como pergaminho desenredado
traços marcam cada tropeço
no areal de lágrimas lavado
quanto mais para trás se alonga
essa trilha de pedra e cal
mais ao alcance da mão
fica essa luz boreal
na qual imbrica meu destino
em desatino o vadio coração
se já não faz assim bom tempo
o tempo que tenho a caminhar
sem mágoas rolam os dias
como as águas ao vento encapelam
não há dor nem pranto
se levanto de cada tombo os olhos
dos esfolhos que me engambelam
com futuros que não terei
não importa se tudo o que sei
cabe no traço que deixo atrás
de cada passo desse caminho
se duro em cada pedra em que tropeço
que saiba a jambo maduro
o travo de vida que me move
e tudo o que ainda peço
é que o passo seja firme
mesmo quando venta e chove
28.2.2014
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