estranhos num tempo estranho
trepam como gatos vadios
pelos becos escuros
agonizam seus orgasmos
nos trilhos retos de trens elétricos
brincam pelas matas ao som dos grilos
tosam seus pelos nos fornos siderúrgicos
são apenas estranhos num tempo estranho
espantalhos em campo de milho
braços abertos um para o outro
esquecidos agora de todos os antigos folguedos
a murmurar ao vento seus vazios segredos
19.6.2021
(Ilustração: escultura de Javier Marín)