30 de out. de 2015

1964




(Botero - Abu Graib)






Sob a égide da constelação estrelada,

nas noites claras de um sonho tropical,

figuras sinistras conspiravam.




E permitiram-lhes os deuses todos os poderes

para o bem e para o mal.




No entanto, enquanto no canto do céu,

a ponta da cruz indica o sul,

um canto de dor dobrava o corno da lua nova.




Figuras famintas fugidas do inferno

batiam dentes sob o açoite do torturador,

sob a égide da constelação estrelada.




Abril apenas o outono mediara,


e o inverno descia rigoroso


nos cárceres da infâmia e do grotesco.




E o sonho da igualdade penhorada

jazia na tumba de falsas promessas

sob a égide da constelação estrelada.





BH – 21.9.1978

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