13 de abr. de 2016

sobre o tempo



(Katsushika Hokusai)





o tempo


sulca o rosto


arredonda o corpo


enfraquece as pernas


turva o olhar


encomprida os movimentos


provoca ulcerações


e dores






o tempo


castiga o corpo


ultraja lembranças


destrói as pontes


endireita as curvas do caminho


desrespeita precipícios


joga dados nas ondas do mar


enobrece a areia do rio


corre nas veias como cocaína






o tempo


que nos pendura no galho


à beira do abismo


é o mesmo tempo


que sonharmos


é o mesmo tempo


que irá um dia


nos trazer a fortuna


da vida






por isso é o tempo


absolutamente inútil


quando contamos com ele


ele já nos arrolou


como meras testemunhas


de fluxos e refluxos


da maré incessante


da vida





13.2.20116 




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