(Katsushika Hokusai)
o tempo
sulca o rosto
arredonda o corpo
enfraquece as pernas
turva o olhar
encomprida os movimentos
provoca ulcerações
e dores
o tempo
castiga o corpo
ultraja lembranças
destrói as pontes
endireita as curvas do caminho
desrespeita precipícios
joga dados nas ondas do mar
enobrece a areia do rio
corre nas veias como cocaína
o tempo
que nos pendura no galho
à beira do abismo
é o mesmo tempo
que sonharmos
é o mesmo tempo
que irá um dia
nos trazer a fortuna
da vida
por isso é o tempo
absolutamente inútil
quando contamos com ele
ele já nos arrolou
como meras testemunhas
de fluxos e refluxos
da maré incessante
da vida
13.2.20116
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