22 de mar. de 2016

LUPANÁRIO

13 

cobra




tu me comes desvairada
e escorre do teu sexo
o sumo que consumo com minha língua
lambo a ferida feia entre pregas
enquanto o sexo míngua
entre minhas pernas
esqueço as juras eternas
que fizera para te conquistar
e perco de todo o tesão por ti
cansado de teus corcoveios
aperto um pouco o bico de teus seios
e empurro enfim teu corpo para o lado
estrebuchas ainda no gozo
enquanto já totalmente enfarado
nem mais olho o teu olho revirado
há dentro de mim um oco
de ovo podre e cheiro de vaselina
e o amor que antes era manhã de sol
vira uma noite eterna de pura adrenalina
confesso não te amo mais
embora ainda soltes pequenos ais
enrolada como cobra no lençol
agora mais do que imundo
da cama redonda do hotel vagabundo


23.3.2013



14


rua Aurora





nos inferninhos da rua Aurora
acho-me em tocha convertida
não sou puta, embora,
ainda toda vestida
me lance ao palco e dance
como louca
gozando os olhares, as piadas,
o roça-roça de sutileza pouca
e de todas as risadas

componho, então, a puta
em cada detalhe de minhas pregas
e vou contigo à luta

se dizes que são tão bregas
as canções que escolho para dançar
sou tocha convertida em mulher,
mulher em tocha a queimar
pronta para o que der e vier
e dou, dou muito, para quem venha
e espalhe sobre o meu corpo em fogo
mais brasa, mais uísque e mais lenha
e morra, enfim, no meu último gozo




26.8.2013

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