25 de mar. de 2016

LUPANÁRIO

19     



antropófaga





quero comer-te, pago o preço

e tu me olhas assim, através
de tuas lentes azuis

empinas teu peito de silicone,
rebolas um pouco a bunda
mostras-me tuas coxas
na abertura de cima em baixo
da saia vermelha,
vermelha e justa

teu sorriso é uma maçã saturnal

e nesse momento eu sei
aquilo que sempre tem sido:
não te comerei,
serei eu o comido


17.5.2013



20


 cavalgada





caminho pelas ruas
ausentes
chove
a noite tropeça e cai
de repente
chove
vou seguindo adiante
por clientes
chove
nada nem ninguém sigo
em frente
chove
não para a chuva e
de repente
a lua e você e sua sombra
na noite
o vento
se ressente
o ar úmido na boca
pouca a roupa
que me cola e enrola
ao corpo
tremente
louca prossigo o passo
tua sempre tua
louca
e chove
sente
pela noite escapada
entre meus dentes
quero o que queres
sendo tantas mulheres
a cavalgada
no fim da noite
chove
tua enfim
nua em teu braço
meu cansaço
temente
da noite que foge
na chuva
que foge
no novo dia
tão quente
nas ruas
antes tão nuas
agora tão cheias
tão cheias de gente
e eu em teu leito
e a chuva
continua contínua
cai
silente
em meu peito



14.9.2013

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