Lavras é palavra estranha
(martin van maele)
Lavras
é palavra estranha
que
me faz mineirar memórias.
Arroja
em mim momentos meus
de
loucos dias e dias mortos.
Lavras
tem o jeito sutil
de
trazer o vento que já passou,
de
trazer a vida um dia já vivida,
de
trazer o doce canto de minha mãe.
De
Lavras vem
o
eco de águas pingadas
a
molhar o peito em dor,
águas
doces de mangueiras em flor,
águas
sujas de ruas tortas,
águas
do rio louco de minha vida vã.
Às
Lavras ecoam
lamentos
de agora dos dias idos.
Entre
sombras e entre passos retorno
às
luas cheias da paixão,
matracas,
rezas, cicios e preces
que
o menino seguia em contrição,
pagando
lá os pecados de agora.
Mergulho
em Lavras atrás de mim,
mergulho
em mim e encontro Lavras.
Renego,
renego a vida que lá vivi,
mas
não me livro da marca funda
em
cicatriz de dor já mascarada.
Do
pó do tempo me vêm as sombras
de
tudo que já esquecera.
Se
de Lavras ficou essa sombra triste
que
me tornei, para lá retornam
as
memórias loucas dos meus sonhos bons.
14/12/95
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