18 de nov. de 2015

POEMAS DO COTIDIANO



É isso o mundo?




(martin van maele)


Caos.
É isso o mundo?
Agora ou sempre?
César esticou o império de Alexandre
e Colombo pisou a Lua num sputinik.
Napoleão à China
venceu
com a ajuda de Stálin.
Einstein associou-se
a São Tomás de Aquino
e uma grande empresa formou
para explorar o ouro de Serra Pelada.
Mas Serra Pelada escondeu seu ouro
e Buda chutou a bunda
de Marco Pólo em Veneza.
Platão - coitado - ficou a ver navios
quando os negros de todos os continentes
conquistaram Wall Street.
Voando
além da luz
a Bruxa de Pequim
detonou
a usina de Chernobyl e o terremoto do México.
Num golpe de marketing e de karatê
a macaca Chita assumiu
a presidência dos Estados Unidos da América do Norte
e prometeu,
prometeu transformar a ilha de Manhattan
num centro de inteligência de pesquisa tecnológica
no ramo da neurociência cibernética avançada.
E de repente,
sem que não o previssem
os aiatolás do Irã,
surgiu no céu o cometa Haley
para ferver de vez
o cérebro louco de vacas inglesas - inclusive as do palácio de Buckingam -
e dos cães dinamarqueses e dos pastores - alemães ou não.

Somente então surgiu
nas florestas equatoriais da Amazônia
a Eva
da nova era,
fria e assexuada,
para fundir o mundo em valores
nunca antes compartilhados nem com Deus nem com o Diabo.
Aí, sim, e só aí,
o Caos,
e somente o Caos
riscou do mundo,
de uma vez por todas,
qualquer possibilidade futura ou remota,
de retrocesso.

26.4.96

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