Canto
triste
(martin van maele)
É a hora da poesia.
Como
se precisasse de hora
a
musa esquálida,
batendo,
embora,
no
peito inerme em busca
sabe-se
lá de quê.
Não
há rima a saltar do fim,
não
há verso a pular indômito.
Tudo
vem em quase-vômito,
arrancando
a dor que cultivo em mim.
Ah!
louco o poeta a gemer em si.
Ah!
prazer agônico de pensar em ti.
Esquálida/pálida/cálida
musa
que
não percebe que se inscreve
em
cada sílaba a dor que usa
fazer
de mim o escravo inútil
do
canto triste quanto fútil.
25.6.95
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