Dá-me um tema:
não farei um poema.
Sem tema, sem lema
sem rima, sem lima
apenas escrevo
escravo que sou
do som que me vem
do fundo da memória.
Escolho apenas
de todas as palavras
apenas, apenas a escória.
Rudes, porque libertas,
tomam vias incertas
as tontas palavras.
Das portas abertas,
soltas, saltam, salvam-se
em redemoinhos.
De seus caminhos
ninguém sabe.
E antes que acabe
qualquer poema,
eu torno ao tema
que cavo, escalavro
como qualquer escravo.
17.2.92
(Ilustração: Malevich)
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