LADEIRA DA MEMÓRIA
em passo lento
flash-back
no pé do moleque
na lama podre
do tempo lentoEscorre o tempo
e o rio ri
para o bem-te-vi
o padre reza
a missa louca
na casa de adobe
comida pouca
chapéu de aba
espada
na cinta do bandeirante
e o rio leva
para além de Itapeva
o vento uivante
o caldo espesso
de um trem só de ida
chamado progresso
e a lama pobre
se escorre se escorre
além do vento
além do espanto
alvenaria
telha européia
dinheiro - um tanto
ave-maria
e gonorreia
um prédio alto
e como num salto
o bonde
vai aonde
o homem vai
a mata seca
o rio seca
secam-se as almas
em vez das palmas
e palmares
sobem aos ares
fuligem preta
os imigrantes chegam
colorem as ruas
no rio podre não mais navegam
velhas chaluas
levadas ao vento
fazendo história
e desce a ladeira
secando a poeira
o sangue novo
do velho povo
já sem memória.
em passo lento
flash-back
no pé do moleque
na lama podre
do tempo lentoEscorre o tempo
e o rio ri
para o bem-te-vi
o padre reza
a missa louca
na casa de adobe
comida pouca
chapéu de aba
espada
na cinta do bandeirante
e o rio leva
para além de Itapeva
o vento uivante
o caldo espesso
de um trem só de ida
chamado progresso
e a lama pobre
se escorre se escorre
além do vento
além do espanto
alvenaria
telha européia
dinheiro - um tanto
ave-maria
e gonorreia
um prédio alto
e como num salto
o bonde
vai aonde
o homem vai
a mata seca
o rio seca
secam-se as almas
em vez das palmas
e palmares
sobem aos ares
fuligem preta
os imigrantes chegam
colorem as ruas
no rio podre não mais navegam
velhas chaluas
levadas ao vento
fazendo história
e desce a ladeira
secando a poeira
o sangue novo
do velho povo
já sem memória.
(Ilustração: São Paulo antiga - Ladeira da Memória, s/d, autor não identificado)
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