Quem ama desama
e, ao desamar, esquece.
Mas fica, no fundo da alma,
uma dor que não arrefece
nem nunca - jamais - se acalma.
Antes que a dor retorne,
busca o peito novos amores
e, da corda que no fundo dorme,
ressoa o som de novas dores.
Na onda insana que sempre volta,
gira a roda a retesar a corda:
presa a corda, onda solta
a saudade que transborda.
Afogam-se as mágoas do desamor
no mar amargo de sargaços
e busca-se, no eco de cada dor,
o eco distante dos próprios passos.
Quem ama desama
e, ao caminhar na busca de novas dores,
da dor do amor esquece a chama
no palco em meio a novos atores,
mas para sempre em cada canto
encontra a saudade em doce pranto.
22.4.91
(Ilustração: Ray Caesar)
harmoniosos versos, imagens perfeitas.
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