Depende, para viver, o poeta
do seu mundo imaginário:
sonha, em sonhos de esteta,
com a mulher ideal;
mas, como o mundo é vário,
vive o sonho com a mulher real.
E, na roda do sonho, a vida
vira sonho e o sonho, vaidade.
Da ilusão a estrada perdida
esfuma-se numa só saudade.
Do pensamento à emoção,
ou da emoção ao pensar,
revive em sonho a tesão
e pensa cada vez mais amar.
Imagina o poeta, ao pensar
que o amor a tudo transforma,
ser o mundo o seu sonhar,
ser o ideal de seu sonho a forma.
E entre o mundo de ser e não ser,
revela em versos seu desgosto:
paga com o sonho, por viver
em sonhos eternamente posto.8.4.91
(Ilustração: Ray Caesar)
Voce me fez lembrar o poeta fingidor de Fernando Pessoa com este poema. Inspirado e muito verdadeiro.
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